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Reciclagem enzimática de garrafa PET

Lixo do material corresponde a 12% dos resíduos sólidos produzidos pela humanidade.

As garrafas e embalagens feitas de PET são um enorme problema ambiental. Correspondem a 12% do lixo sólido produzido pela humanidade. Não é à toa que faz décadas que cientistas investigam métodos para reciclar esse plástico. Ele pode ser queimado para gerar energia, o que libera gás carbônico. Pode ser derretido e usado novamente, mas as propriedades do material obtido são muito piores. Ou pode ser cortado e usado para fabricar tecidos, carpetes ou mesmo bolsas, mas esses usos só adiam a necessidade de reciclar.

PET é um polímero, isto é, uma longa sequência de moléculas (os monômeros) ligadas entre si. Esse produto, produzido a partir do petróleo, pode ser moldado no formato de garrafas ou outras embalagens. Em teoria, o ideal para o reaproveitamento, seria desenvolver um sistema circular em que o plástico na forma de polímero fosse quebrado e seus monômeros fossem liberados. Uma vez liberados, eles poderiam ser purificados e usados novamente.

Enzimas capazes de quebrar as cadeias de PET, liberando os monômeros, foram descobertas faz muitos anos. O problema é que são pouco resistentes ao calor e não funcionam bem nas condições necessárias para degradar o PET.

Enzimas transgênicas agem como tesouras

A novidade é que um grupo de cientistas conseguiu modificar sequências de DNA para produzir enzimas mais resistentes. O resultado foi uma enzima com modificações em cinco regiões. Um total de 51 tipos de embalagens foi tratado e as fotos são impressionantes. A garrafa fica opaca, começam a surgir furos e aos poucos ela vai derretendo até desaparecer em uma semana. Analisando o líquido resultante, os cientistas observaram a presença dos monômeros de PET. Em seguida desenvolveram um método para separar esses monômeros e utilizaram para produzir um PET reciclado. Ao contrário dos outros métodos, esse produz PET com exatamente as mesmas propriedades do material produzido a partir de petróleo. Aproximadamente 95% dos monômeros presentes nas garrafas foram recuperados e usados para refazer o plástico. 

O ciclo completo, que envolve degradar as garrafas, isolar os monômeros e sintetizar o plástico, demora pouco mais de cinco dias. Essa descoberta abre o caminho para construirmos um ciclo completo de reutilização dessa montanha interminável de lixo produzido pela humanidade.

Fonte: Fernando Reinach, O Estado de S.Paulo