Petrobrás na contramão
Petrobras vai perdendo bonde da história ao preterir energia renovável.
Falta de planejamento de longo prazo, mantém companhia a anos-luz de gigantes globais como BP, Shell, Exxon e Chevron no começo do ‘adeus’ ao petróleo. Mirando décadas à frente e ainda que relutantes, as gigantes do setor global começaram a engatinhar na direção das energias renováveis. Mas não, não é o caso da Petrobras, que integra o seleto grupo das maiores do setor de óleo e gás do mundo, mas preferiu, como se convencionou a dizer no mercado, “a fazer o que sabe de melhor”. Ou seja, procurar e tirar petróleo do fundo do oceano.
Enquanto isso, suas concorrentes globais ficaram bem mais adiantadas em expandir as matrizes energéticas exploradas – ainda que forçosamente.
A verdade é que elas foram chamadas na chincha
Ativistas, na Holanda, se movimentaram para obrigar na Justiça a Shell a reduzir emissões de carbono em 45% até 2030 em relação à 2019. Já nos Estados Unidos, acionistas pressionaram para dois novos membros comprometidos com a causa climática ingressarem na diretoria da Exxon. No caso da Chevron, donos de ações votaram em peso a favor da uma resolução um tanta vaga, mas significativa: a companhia precisará “reduzir substancialmente” emissões de carbono nos produtos. Hoje, essencialmente combustíveis fósseis.
- Um caso a parte nessa história é a BP, antiga British Petroleum – que não por acaso ocultou o “petróleo” em seu nome de guerra.
- Quando se entra no site da empresa, as primeiras fotos não são de plataformas de petróleo. Mas, sim, de árvores. A meta estipulada pela atual direção merece destaque na página. Tornar as suas operações, até 2050 ou antes disso, completamente neutras em emissão de carbono. Para o mesmo prazo, cortar à metade a emissão via produtos vendidos.
A aposta solar da Gerdau e Shell
A gigante do aço Gerdau é uma das empresas que decidiram apostar na captação solar. A siderúrgica assinou termo de cooperação com a Shell Brasil para o desenvolvimento de um parque solar em Brasilândia de Minas (MG).
Com capacidade instalada de 190 megawatts (MW), o sistema irá fornecer energia sustentável para as unidades de produção de aço da Gerdau. Outra parte será vendida no mercado livre, a partir de 2024, pela comercializadora da Shell.
Longo prazo
Investir na autossuficiência energética é uma estratégia para muitas empresas. No caso da companhia gaúcha de aço, a entrada no segmento se dá pela Gerdau Next, sua divisão de novos negócios. “A iniciativa fortalece a visão de longo prazo da companhia e o compromisso com a inclusão de fatores ESG como pilares fundamentais para as decisões estratégicas da empresa”, disse Juliano Prado, vice-presidente da Gerdau e responsável pela Gerdau Next.
Recentemente, a Votorantim Energia também aportou recursos para o desenvolvimento de projetos solares. A empresa recebeu autorização da Aneel para erguer um piloto-piloto híbrido no País, no Piauí, com capacidade de 85 MW. Pelo sistema, a energia gerada durante o dia virá da solar e, à noite, do parque eólico. Assim como no caso da siderúrgica e da petrolífera, o projeto da empresa da família Ermírio de Moraes também será erguido por uma joint venture, em conjunto com a Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investiments).
Petrobrás
Por tudo que aconteceu nos últimos anos (Lava Jato), faz sentido a Petrobras focar no pré-sal, gerar caixa numa janela de uns 10 anos. As fontes renováveis de energia, como eólica e solar, não serão dominantes do dia para a noite. E o petróleo tende a dominar parte importante da matriz global ainda por bom tempo. Mas e depois?
Resumindo? Acionistas da Petrobras podem até ganhar no curto prazo, mas a falta de planejamento e investimentos em energias renováveis põem em risco essa “lucratividade” no médio e longo prazos. Enquanto isso o planeta perde.
Fontes: Isto É/Dinheiro – Valor/Investe