# PARTIU DESAFIOS
Os governos e o setor privado têm a oportunidade de criar uma economia com menos fragilidades e um planeta mais saudável
Governos e sociedade se mobilizam na resposta emergencial à crise, na saúde, na proteção de empregos e no alívio aos socialmente vulneráveis. Nas economias avançadas, já se discutem pacotes de estímulo para reiniciar a economia após a superação da emergência médica.
O investimento público via pacotes de estímulo econômico não deve nos conduzir ao mesmo rumo que a economia global seguia antes da pandemia. A crise causada pela covid-19 não deve ser desperdiçada. É uma oportunidade para acelerar o alinhamento entre investimento e a transição para uma economia de baixo carbono.
Estado e mercado devem focar investimentos em setores que conciliem a geração dos empregos necessários para recompor a oferta e demanda globais e superar a crise, ao mesmo tempo em que se amplia a resiliência às crises futuras.
No caso do Brasil, o debate até agora se concentrou nas medidas emergenciais. É preciso reunir a inteligência nacional num esforço de alinhamento entre as propostas de medidas de recuperação pós-pandemia com os objetivos já assumidos pelo Brasil de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil possui uma enorme demanda por investimentos em infraestrutura. No entanto, grande parte dos projetos foi baseada no paradigma desenvolvimentista dos anos 1970, com muita dificuldade de se viabilizarem devido aos grandes impactos socioambientais e a baixa conformidade com os padrões de investimento do século 21.
Para alavancar investimentos, gerar empregos e superar a crise econômica precisamos de um novo ciclo de prioridades, e projetos produtivos e de infraestrutura alinhados à nova economia de baixo carbono, que contribuam para alavancar o investimento nacional e externo, gerar empregos e superar a crise econômica.
Duas agendas prioritárias têm potencial de rapidamente alavancar a retomada dos investimentos e a recuperação econômica brasileira
- Infraestrutura resiliente e de baixo carbono: O déficit brasileiro de infraestrutura é notório tanto nos grandes centros urbanos, onde vive a maior parte da população, quanto nas regiões produtivas do interior. Nossa infraestrutura atual também sofre com o déficit de resiliência e a baixa qualidade e disponibilidade de vias de transporte de pessoas e cargas, energia, comunicações e saneamento, o que impacta vidas e deprime a produtividade da economia brasileira. Energia renovável, transporte sobre trilhos e navegação, internet de alta velocidade, gestão de resíduos e saneamento são algumas das prioridades nacionais que podem ampliar a segurança energética, melhorar a mobilidade nas cidades, produzir ganhos de produtividade e melhorar a saúde da população.
- Precificação de carbono em toda a economia: A precificação de carbono é um instrumento para a correção de uma falha de mercado, externalidades negativas geradas pela atividade de grandes emissores de gases de efeito estufa hoje são financiadas por toda a sociedade por meio de perdas de produtividade, aumento da incidência de doenças respiratórias e vultosas transferências de renda dos setores produtivos para a indústria de combustíveis fósseis.
CANALIZAR INVESTIMENTO PÚBLICO E PRIVADO PARA A NOVA ECONOMIA BRASILEIRA RESILIENTE E DE BAIXO CARBONO É O CAMINHO PARA SUPERARMOS A CRISE ATUAL
Fonte: Gustavo Pinheiro / Nexo