A internet das árvores
As plantas são bem conectadas e com que eficiência elas podem enviar mensagens para os plantas vizinhas por meio de suas raízes e sinais elétricos.
A comunicação verbal é um dos muitos motivos pelos quais os seres humanos se tornaram tão bem-sucedidos como espécie. Porém, não foram apenas os seres humanos e outros animais que desenvolveram uma comunicação sofisticada. Muitas pessoas pensam que as plantas são passivas, mas elas têm sua própria maneira de interagir umas com as outras. A ciência recente está mostrando que os sistemas de comunicação das plantas podem ser mais complexos do que imaginávamos.
Em breve, poderemos traduzir totalmente a linguagem de nossas plantações. — Sven Batke, Edge Hill University
Grande parte da comunicação ocorre abaixo do solo, facilitada por grandes rede de fungos conhecidas como “wood wide web” (a rede global florestal, em tradução livre). Ela conecta árvores e plantas no subsolo, permitindo que compartilhem recursos como água, nutrientes e informações. Por meio desse sistema, as árvores mais velhas podem ajudar as mais novas a crescer, e podem alertar umas às outras sobre perigos, como pragas.
É como uma internet subterrânea, ajudando-as a se apoiar e a trocar informações. A rede é extensa, acreditando-se que mais de 80% das plantas estejam conectadas, o que a torna um dos sistemas de comunicação mais antigos do mundo.
Assim como a Internet nos permite vínculos, compartilhar ideias, conhecimentos e informações que podem influenciar a tomada de decisões, a “rede florestal” permite que as plantas usem fungos simbióticos para se preparar para as mudanças ambientais.
Comunicação não verbal
Para entender como os organismos que não podem falar transmitem informações uns aos outros, é importante compreender que os seres humanos também têm um sistema de comunicação não verbal. Inclui nossos sentidos de visão, olfato, audição, paladar e tato.
Outras espécies, especialmente as plantas, usam seus sentidos para disseminar informações à sua própria maneira. Em termos evolutivos, faz sentido que uma planta que enfrenta estas ameaças possa sinalizar o seu sofrimento a outras plantas, para que estas possam evitar os perigos ou defender-se melhor das ameaças. Investigações recentes mostram que os dois métodos de comunicação mais importantes para as plantas são os químicos e o som.
As plantas comunicam através de sinais químicos e sons
Sinais químicos – a importância dos Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
Os COVs são o tipo mais comum de sinais químicos libertados pelas plantas. São pequenas moléculas libertadas como gases que se difundem facilmente pelo ar, longe da planta que os produz.
As plantas libertam COV no ar para alertar as suas vizinhas de ameaças, e estas respondem a estes sinais preparando-se para se defenderem mesmo antes de serem atacadas. Por exemplo, em segundos, as plantas que detectam COVs começam a produzir compostos antifúngicos ou toxinas anti-insectos para se protegerem.
Em alguns casos, os COVs também podem viajar longas distâncias no subsolo, através do sistema radicular. Isto significa que as plantas podem estimular as células radiculares a montar respostas de defesa contra fungos ou bactérias invasoras no solo.
Outros COVs são libertados das células das raízes para atrair fungos ou bactérias benéficos. Os exemplos incluem fungos que ajudam as raízes das plantas a absorver os nutrientes do solo de forma mais eficiente, ou bactérias que convertem o gás nitrogênio da atmosfera em nutrientes que ajudam as plantas a crescer mais rapidamente. Assim, as plantas utilizam certos COV para avisar os seus vizinhos de ameaças, enquanto outros COV lhes permitem atrair organismos mais úteis.
Alguns destes COV das plantas são quimicamente semelhantes os feromônios (substâncias químicas segregadas por alguns animais) que os ajudam a comunicar com outros da sua espécie. Por exemplo, o mundo das formigas é largamente controlado por feromônios que lhes permitem encontrar alimento e identificar os seus companheiros de ninho.
Sinais sonoros
Os sinais sonoros utilizados pelas plantas tendem a estar a uma frequência que não pode ser ouvida pelo ouvido humano, mas podem ser captados por outras plantas e animais. Na natureza, as plantas podem crescer bem com alguns vizinhos, mas não com outros.
Em outras experiências, verificou-se que as raízes jovens de milho emitiam pequenos estalidos que se situam no limite inferior da gama de audição humana. Quando as raízes foram suspensas em água para que se pudessem mover mais facilmente, inclinaram-se para estes sons.
Outros sons incluem o que parece ser o rebentamento de bolhas efervescentes no xilema (rede de minúsculos “tubos” nas plantas que transporta água e minerais das raízes para o resto da planta). Estes são ultra-sônicos e só são detectáveis por insetos e alguns outros animais, pelo que talvez estas plantas estejam se comunicando com animais. A tecnologia para ouvir a explosão das bolhas das plantas é, na verdade, bastante simples. Os sensores acústicos concebidos para detectar fissuras em pontes e edifícios podem captar os estalos ultra-sônicos.
Investigadores chineses demonstraram que podem aumentar o rendimento das plantas através da emissão de ondas sonoras de determinadas frequências. Portanto, talvez haja alguma verdade no velho conselho do jardineiro de falar com as plantas! Outros investigadores investigaram a forma como diferentes frequências e intensidades de sons alteram a expressão genética das plantas. Os seus resultados mostram que as vibrações acústicas realmente afetam as reações químicas básicas que ocorrem nas células vegetais.
Fonte: Frontiersin.org /Um Só Planeta