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Somos agora 8 bilhões de pessoas vivendo em uma mesma casa

Presume-se que foram necessários 300 mil anos para atingirmos 1 bilhão de habitantes, por volta de 1800.

Nesta terça-feira (15 de novembro de 2022), em algum lugar deste planeta, nasceu um bebê que se tornou a 8 bilionésima pessoa do mundo, segundo uma projeção das Nações Unidas. Em pouco mais de 40 anos, o número de seres humanos no planeta dobrou. Em 1974, éramos “apenas” 4 bilhões. E, desde então, a temperatura média global subiu 0,9ºC em um mundo que consome cada vez mais energia e recursos naturais.

Temos um problema populacional. Mas acho que o mais importante é que temos um problema de consumo excessivo

Vanessa Perez-Cicera -Centro de Economia Global do World Resources Institute

Esse crescimento exponencial não foi sempre neste mesmo ritmo. Desde o surgimento do Homo sapiens, levou cerca de 300 mil anos até que um bilhão de seres humanos povoassem a Terra. Estamos vivendo mais graças a melhores cuidados de saúde, água mais limpa, mais oferta de comida e melhorias no saneamento, que reduziram a prevalência de doenças. Ao mesmo tempo, a poluição e a pesca excessiva estão degradando os oceanos, a vida selvagem está desaparecendo em um ritmo alarmante e estamos destruindo nossas florestas e emitindo mais e mais carbono com diversas atividades, desde a produção de energia, o transporte, produção de alimentos e muitas outras.

Pense nisso

A quantidade de nossos recursos naturais é imutável. Porém, algumas formas em que são encontrados na natureza é finita. Os átomos combinados e recombinados zilhões de vezes são sempre os mesmos, o que dá uma falsa impressão do “surgimento” de novos materiais, abundância de alimentos, fontes de água e oxigênio. Para conseguir as substâncias necessárias para nossa vida e conforto consome-se energia, o que, muitas vezes, implica em poluição e degradação do meio ambiente.

A questão não só populacional

O fato de que mais pessoas estão causando um consumo energético maior, principalmente com a queima de combustíveis fósseis, não é o problema principal.

O maior problema é o excesso de consumo de parte da população. Uma pequena fração de pessoas causando muito mais danos do que deveria.

Por exemplo, o Quênia, país africano que sofre com uma seca devastadora, tem 55 milhões de habitantes. O número é cerca de 95 vezes maior que a população do estado norte-americano de Wyoming. Mesmo assim, Wyoming emite 3,7 vezes mais dióxido de carbono do que o Quênia.

A África como um todo tem 16,7% da população mundial, mas historicamente emite apenas 3% da poluição global de carbono, enquanto os Estados Unidos têm 4,5% da população do planeta, mas desde 1959 emitem 21,5% do dióxido de carbono produzido no mundo.

Para o cientista climático Bill Hare, da Climate Analytics, há um toque de racismo na fala de que a superpopulação é a principal questão por trás das mudanças climáticas. Katharine Hayhoe, cientista-chefe do The Nature Conservancy, completa: “Um dos maiores argumentos que ouço quase exclusivamente de homens em países de alta renda é que, ‘Oh, é apenas um problema populacional’. Nada poderia estar mais longe da verdade“.

Fonte: Um Só Planeta com adaptações