Xixi em questão
Piipee, produto brasileiro que ameniza o visual e o odor da urina em privadas e pode economizar água.
Ezequiel Vedana procurou uma solução tecnológica e ecologicamente correta para economizar milhões de litros de água que vão, literalmente, descarga abaixo quando nos desfazemos da urina.
Até então, a forma mais comum de economizar água usada em vasos sanitários era a adoção de modelos novos de descarga, que gastam 3 ou 6 litros de água (no melhor dos casos).
Para Vedana e seus colegas (um deles sua esposa, Ariane Pelicioli da Rosa), a economia com os vasos ecológicos era pouca. Eles queriam uma solução que beirasse os 100% de economia de água. Nascia, então, a ideia do Piipee (pronuncia-se pipe).
O plano era elaborar uma solução que, em contato com a urina no vaso sanitário, neutralizasse algumas de suas características marcantes como o odor e a cor. A urina fica no vaso, imperceptível, sem necessidade de descarga.
Os testes levaram os empreendedores a uma formulação essencialmente natural, composta basicamente de extratos de plantas e bicarbonato de sódio.
Também tiveram de pensar em um dispositivo, um tipo de dispenser da solução, que pudesse ser acionado sempre que o número um fosse feito. Para ambientes menores, um borrifador comum resolve o problema. De quebra, o Piipee também perfuma o ambiente.
E a viabilidade econômica?
Como é usado apenas 1 ml por aplicação, a “dose” que substitui uma descarga custa R$ 0,05.
E qual seria o preço comum de uma descarga sem Piipee?
Varia de região para região no Brasil e pode ir de R$ 0,06 a R$ 0,35, sendo mais cara quando há pior infraestrutura e/ou estresse hídrico.
Em São Paulo, por exemplo, uma empresa que consuma acima de 50 m³/mês gastaria R$ 0,11 por descarga. Aqui também no melhor dos casos, considerando uma descarga moderna e ecológica de 3 litros para a urina.
Resultado: uma grande indústria ou comércio com 1.000 funcionários que acionem a descarga uma média de duas vezes por dia para descartar o xixi poderia economizar R$ 2.640 ao mês. A economia de água é de 132 mil litros por mês.
“Quase ninguém sabe quanto custa uma descarga. Quase ninguém sabe quantos litros de água são gastos, tampouco quanto custa o litro de água consumido em casa. Quando descobrem, as pessoas ficam assustadas”, diz o empresário.
Por causa de impactos como esse, a empresa ganhou mais de uma dezena de prêmios importantes e reconhecimentos internacionais. A ideia é reconhecida com uma inovação global para o clima pela WIPO (Organização Mundial de Propriedade Intelectual, na sigla em inglês) e já representou o Brasil em reuniões de cúpula sobre o clima.
Entre as companhias que já testaram a modalidade estão a Braskem, parceira do projeto, o banco Itaú, a Whirpool, as lojas Renner e o Grupo Abril.
Em breve, o Piipee pode ganhar uma linha de venda direta —como acontece em empresas do segmento cosmético como Natura e Avon. Ou seja, uma pessoa física poderá revender o dispositivo para outras.
Fonte: Folha de São Paulo/Ciência