Guia do lixo doméstico
Pequenos cuidados que envolvem reciclagem e reutilização podem ser eficazes em evitar que restos com potencial energético se acumulem sem eficiência no meio ambiente.
Tudo o que está na sua casa vai virar lixo um dia. De alimentos, guardanapos e roupas, até as próprias paredes, que se transformarão em entulho. Então, o que seria um guia da reciclagem do lixo doméstico?
Neste passo-a-passo, vamos considerar como lixo doméstico os resíduos que têm alta rotatividade no nosso dia-a-dia, como alimentos, filmes plásticos, sacolas, guardanapos, fraldas, absorventes, entre outros. Abaixo, seguem dicas de como evitar parte deles, reutilizá-los, reciclá-los ou descartá-los da melhor maneira possível, com o objetivo de reduzir a níveis mínimos a destinação de resíduos em aterros e lixões.
Alimentos
Sem comida não podemos viver, mas é preciso prestar atenção em cada etapa (desde a aquisição até o descarte) para evitar acúmulo de lixo desnecessário, tanto em casa, como nos aterros. Na hora de fazer as compras, dê preferência a alimentos mais saudáveis e que contenham menos embalagens. As feiras livres são ótimas opções para adquirir verduras e legumes mais baratos e frescos. Use o carrinho de feira para evitar as sacolinhas plásticas.
Quando a comida já estiver no fundo da pança é hora de pensar sobre o que fazer com os restos. O triturador de alimentos é uma possibilidade prática, mas ainda não tão recomendada no Brasil. O aparelho instalado na pia da cozinha mói certos tipos de alimentos e os transforma em minúsculas partículas, que são descartadas junto com a água até as estações de tratamento. O problema, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é que o triturador pode elevar a poluição dos corpos d’ água ao aumentar muito a carga orgânica nos lançamentos de esgotos não tratados, como é o caso de boa parte dos municípios do país. Isso elevaria o gasto energético da empresa de tratamento para limpar a água. No exterior, as companhias que tratam o esgoto compostam esses resíduos, o que não acontece no Brasil.
Compostar? Por incrível que pareça, já é possível decompor naturalmente os seus resíduos alimentares em sua própria casa (mesmo morando em apartamento) de um jeito prático e higiênico. Nos últimos anos, algumas marcas de composteiras (também conhecidas como minhocários) chegaram ao mercado com a missão de realizar essa tarefa. Nesses equipamentos, é possível colocar frutas, verduras, legumes, sementes, borra de café, sobras de alimentos cozidos ou estragados (sem exageros) e cascas de ovo. Materiais como saquinhos de chá, serragem gravetos, papelão, papel jornal e palitos de fósforo também podem entrar na composteira sem problemas – porém, o mais indicado para jornal e papelão é a reciclagem. Carnes de qualquer espécie, cascas de limão, laticínios, óleos, gorduras, papel higiênico usado, fezes de animais domésticos, frutas cítricas em excesso e sal em excesso não podem ser compostados. Clique aqui e entenda mais sobre o funcionamento das composteiras.
O óleo de cozinha que sobra da fritura pode virar sabão de um jeito simples. Já as carnes terão que ir para o lixo comum ou, se você preferir, seu animal de estimação também pode se alimentar delas.
Acessórios
Alguns outros itens usados na cozinha, como fósforos, guardanapos e saquinhos de chá podem entrar na composteira, como vimos acima. Filmes plásticos, esses que usamos para embrulhar alimentos, podem ser reciclados sem problemas, assim como as caixas de leite e outros objetos, como potes de margarina e garrafas de vidro – basta fazer uma limpeza rápida antes de destiná-los (preferencialmente com água de reúso). Prefira buchas vegetais e lãs de aço para lavar louça em vez das tradicionais esponjas amarelas. As últimas são de difícil reciclagem.
Banheiro
No banheiro, não há tanto segredo. Procure usar os cosméticos e produtos de higiene até o final porque a destinação de boa parte deles é complicada – acaba tendo que parar no lixo comum. Alguns deles são biodegradáveis – o mesmo vale para maquiagens. As embalagens de tais produtos, quando lavadas, podem ser recicladas na parte de plástico sem muitos problemas, assim como escovas de dentes velhas. Se tiver paciência, os cotonetes livres de algodão usado também podem ser reciclados. Para o lixinho do banheiro (que recebe lixo não-reciclável, como papel higiênico), evite sacolas plásticas. Uma boa opção é fazer saquinhos de jornal (clique aqui e saiba como – eles também podem ser usados no lixo da cozinha).
Fraldas e absorventes íntimos
Infelizmente, não há tecnologia no Brasil para reciclar esse tipo de resíduo. Já existe uma fábrica na Inglaterra que transforma o material em telhas. No entanto, existem alternativas. Absorventes feitos com silicone são uma boa opção reutilizável para as mulheres. Para os bebês, há modelos de pano e híbridos, que ajudam a gastar menos materiais de difícil destinação.
Sacolas de lixo biodegradáveis
Mesmo depois de reduzir tanto lixo doméstico, ainda sobram restos que vão para lixo comum. Assim que os saquinhos de jornal já estiverem cheios, o melhor é juntar tudo em sacos de lixo diferenciados, mas tome cuidado. Os sacos oxi-degradáveis não são recomendados devido à ação pouco eficiente dos aditivos (que apenas degradam mais rapidamente o plástico, mas mantêm suas propriedades nocivas na natureza) e ainda por cima dificultam uma posterior reciclagem. Existem alternativas, como o plástico feito a base de amido e outro modelo, feito a partir de reações com bactérias. Há plásticos 100% biodegradáveis feitos com a tecnologia Ecoflex, desenvolvida pela BASF e distribuída pela Extrusa.
Saco para os materiais recicláveis
Depois de fazer a separação de lixo para a coleta seletiva, lembre-se de limpar bem as embalagens para facilitar a reciclagem. Outro fator importante é que não há problemas em usar um saco de lixo convencional porque ele também será incorporado na reciclagem plástica, mas a dica aqui é optar por sacos que já sejam produzidos à base de plástico já reciclado.
Para demais itens não tão perecíveis, como telhas de amianto, computadores e lâmpadas fluorescentes consulte nossos guias ou a sessão Recicle Tudo.
Fonte: Alberto Cerri – eCycle