Nosso futuro depende das árvores
Quando a Greta fala muitos ironizam, mas é verdade, gostem ou não.
As árvores são fonte de abrigo e alimento, resilientes, provedoras de acalento e frescor e longevas. Três trilhões é o número estimado de árvores que existem no planeta, segundo um estudo internacional publicado na revista Nature. Talvez pareça bastante, mas a quantidade é 46% menor hoje do que no início da civilização humana. O estudo aponta que 15 bilhões delas são derrubadas todos os anos para os mais diversos fins, o que, junto com as mudanças climáticas, contribui para que 30% das espécies estejam ameaçadas de extinção no mundo.
A proximidade com as árvores está associada a uma gama muito ampla de benefícios à saúde”, diz o Dr. Howard Frumkin, professor emérito da Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington. Fonte de matéria-prima para medicamentos, móveis, papel e produtos da sociobiodiversidade, por exemplo, além de um elo entre a terra e o céu no ciclo da chuva. As árvores melhoram nossa saúde mental e bem-estar, filtram o ar, regulam a temperatura e servem como barreira contra o barulho. Elas podem até nos fazer viver mais.
Olavo Bilac para sensibilizar
“Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!”
A realidade para alertar
Por serem estoques de carbono, as florestas são uma das grandes soluções para mitigar as mudanças climáticas, junto com a diminuição do lançamento dos gases de efeito estufa na atmosfera e outras medidas.
E não leva tanto tempo para vermos os efeitos da derrubada massiva e crescente de árvores. O desmatamento pode secar as reservas de água, os incêndios e queimadas interferem na formação de chuva e causam emissões recordes de carbono. Crise hídrica e aumento da fatura de energia elétrica, tudo junto e misturado.
Junto com as árvores, lá se vão os insetos
Uma das consequências do desmatamento é o sumiço dos insetos, que estão desaparecendo do planeta num ritmo alarmante. Na Alemanha, por exemplo, o número de insetos voadores diminuiu 76% em 26 anos. No Reino Unido, as populações de borboletas comuns caíram 46% desde 1976. É um “apocalipse de insetos”, formas de vida que estão na Terra há 400 milhões de anos, bem antes dos dinos.
As causas do declínio dos insetos estão na perda de habitat para a agricultura intensiva, habitação e outros empreendimentos; no uso de pesticidas; na crise climática; na poluição luminosa; e nos efeitos de espécies invasoras, entre outros. Isso é muito preocupante, porque três quartos das nossas culturas alimentares são polinizadas por insetos. Eles também controlam pragas, reciclam todo tipo de material orgânico, dispersam sementes e servem de fonte de alimento para animais maiores, como pássaros, morcegos, lagartos, anfíbios e peixes.
Fonte: Letícia Klein – Um Só Planeta