Lixo: 1kg por dia
O brasileiro está produzindo mais resíduos sólidos, mas continua reciclando muito pouco.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), o descarte foi de 67 milhões de toneladas em 2010, ano da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), para 79 milhões de toneladas em 2019, um aumento de 18%. Por pessoa, isto equivale à geração de 379 quilos de resíduos por ano. A média de reciclagem, contudo, ainda permanece abaixo dos 4%.
A carência de recursos para o setor é um dos fatores que afetam a destinação correta desses resíduos e o impacto deles no meio ambiente. Em uma década, houve aumento de 32% no volume de recursos aplicados em serviços de limpeza urbana. Contudo, nesse mesmo período, a inflação foi de 76%.
Outra dificuldade em alavancar os índices de reciclagem está relacionada aos hábitos do consumidor. Isso porque o descarte de materiais recicláveis sujos ou em meio a alimentos e rejeitos inviabiliza seu reaproveitamento na indústria. Além da separação, a limpeza básica deve ser feita em casa, mesmo que seja com um guardanapo, para deixar esse material mais preparado para a triagem.
Alguns materiais dão muito trabalho para fazer a triagem e rendem pouco na venda. Tais como o isopor e o papel laminado, usado em embalagens de biscoitos. Eles podem permanecer nos depósitos, sem a destinação correta, devido a fatores econômicos. A reciclagem só vai acontecer se existir interesse nessa compra.
Reciclar é a melhor opção?
Em termos.
O melhor resíduo é aquele que não foi gerado, define Bruna Tiussu, do Instituto Akatu. Ela salienta que a sequência dos famosos 5 Rs da Sustentabilidade (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar) tem uma ordem de importância e que é preciso estar atento a isso no dia a dia. “Não é no sentido de desencorajar a reciclagem, mas reciclar é a última opção. Geramos muito resíduo e seria impossível reciclar toda essa conta” assinala.
Consumo consciente
Muitas vezes pela dificuldade de manuseio, baixo preço e falta de interesse na compra do material a reciclagem, em si, não resolve o problema. Por isso, precisamos olhar para a coleta seletiva pelo lado social e econômico. A reciclagem só vai acontecer se existir interesse nessa compra.
Portanto, é mais vantajoso optar pela redução do consumo desse tipo de resíduo. Assim, evita-se, mais adiante, que o material chegue aos aterros por não ter interessados em adquiri-lo. É importante que o consumidor busque menos embalagens e procure saber que materiais são recicláveis, que entenda o que as cooperativas estão separando, se isso tem compradores na sua região, perguntando-se se vale a pena continuar comprando esse produto.
O ideal seria que o consumidor levasse essa perspectiva para o seu cotidiano e escolhesse produtos com embalagens de múltiplo uso ou que pudessem ser ressignificadas. “Uma garrafa pode se tornar um vaso, um pote pode ser usado para guardar diferentes coisas. É preciso pensar nessas hipóteses. Se nada disso for diferente, então, encaminhamos o resíduo para a reciclagem.
Fonte: ECOA-UOL