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Gente como a gente

Brasileiros e as brasileiras que decidiram ser a mudança que desejam ver no mundo
  • Diego Saldanha: EcoBarreiras (Curitiba – PR) – milhões de acesso nas redes sociais
  • Erleyvaldo Bispo: Águas Resilientes (Lagarto – SE) – Pesquisador
  • Luciana Leite: Chalana Esperança (Pantanal – MS) – Bióloga
  • Jean Ferreira: Gueto Hub e COP das Baixadas (Belém – PA) – Liderança de Impacto Ekloos 2021
  • Lia Esperança: Vila Nova Esperança (São Paulo -SP) – Líder comunitária

Nem sempre a mudança que queremos ver no mundo surge de “heróis ou heroínas” ou de governos profundamente comprometidos com a agenda climática. Histórias inspiradoras residem ao nosso lado, lideradas por pessoas “comuns” que decidiram pensar globalmente, mas agindo localmente por meio de soluções inovadoras que geram uma mudança positiva no Planeta.

Conheça cinco pessoas que provam que é possível.

Diego Saldanha

Com mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, o curitibano Diego Saldanha transformou a sua indignação com a poluição do Rio Atuba, no município de Colombo, na zona metropolitana de Curitiba (PR), em seu projeto de vida, a EcoBarreira.

Toneladas de lixo já foram retiradas do rio paranaense graças à invenção, que funciona como uma peneira, filtrando os resíduos descartados incorretamente por meio de galões de 50 litros que impedem a sua passagem.

Por meio das minhas redes sociais e das mídias televisivas que amplificaram a minha atuação, pude aumentar a conscientização a respeito da preservação dos rios. É fundamental que a população se eduque sobre a destinação correta dos resíduos, mas o poder público deve andar lado a lado. É um trabalho em conjunto.

Diego Saldanha
Erleyvaldo Bispo

O jovem sergipano Erleyvaldo Bispo cresceu brincando em esgoto a céu aberto no bairro onde morava, em Lagarto (SE), e transformou seu incômodo em tecnologia social e ação direcionada para ajudar as comunidades a enfrentar o problema do saneamento básico e do acesso à água.

Junto com um grupo de amigos, criou um sistema de captação de água da chuva barato e replicável. Assim nascia o Águas Resilientes, projeto que desenvolve tecnologias inovadoras para o acesso à água, promove o engajamento da juventude e viabiliza a adaptação, mitigação e resiliência climática.

A falta de acesso à água não apenas impacta a saúde das pessoas, mas sua moradia, que costuma ser desvalorizada. Quando criança, tive doenças de pele e gastrointestinais relacionadas à água contaminada. Sei que sou um sobrevivente em meio a essa problemática. Levamos o Águas Resilientes para 19 estados, impactamos mais de 800 pessoas e estivemos em 11 países, além do Brasil.

Erleyvaldo Bispo
Luciana Leite

A bióloga Luciana Leite se uniu às colegas de profissão Daniella França, Cecília Licarião e Lua Benício em 2020 para criar a Chalana Esperança, organização que atua no Pantanal para gerar conscientização e educação a respeito dos focos de incêndio no bioma. Ao visitar o local pela primeira vez, foi surpreendida por incêndios de alta intensidade que queimaram cerca de 30% do território do bioma na parte brasileira.

Uma das frentes de atuação da organização é a educação, responsável por ampliar a conscientização a respeito da importância desse bioma para o planeta e para as comunidades tradicionais. A Chalana Esperança realiza a capacitação de multiplicadores para workshops e fornece o material didático, como os mini-guias de identificação de fauna e livros infantis, que são disponibilizados gratuitamente para 49 escolas públicas parceiras.

Também somos ativistas, pois queremos chamar a atenção do poder público; ele é a maior máquina que temos para conscientização e proposição. As pessoas precisam saber o que é a crise climática e como combatê-la. Sem a educação não chegaremos lá. Na luta ambiental isso é muito claro: não podemos perder a esperança, cada um tem um papel importante a ser desempenhado

Luciana Leite
Jean Ferreira

Nascido no bairro de Jurunas, em Belém do Pará, o jovem Jean Ferreira é filho de uma ex-liderança comunitária e viu sua vida mudar quando criou o Sebo do Gueto, em 2018. Fez tanto sucesso que hoje o Sebo do Gueto é uma franquia social espalhada pelo país. Aproveitando o espaço amplo criou um Hub de cultura e de inovação, o Gueto Hub

Composto pela biblioteca comunitária, galeria de arte, museu, coworking e café, o Gueto Hub logo começou a chamar a atenção de grupos ambientalistas que enxergavam o movimento como um marco de resistência e de valorização da história local.

A juventude amazônida está aprendendo a entrar nesses espaços e falar sobre seus próprios territórios. Se eu não falar por um jovem periférico amazônida, quem vai falar por mim? Economizo minha fala para falar sobre a minha realidade. Esse é um dos segredos para se fazer justiça climática: a pessoa afetada é a melhor para falar daquele tema. Quando não há pessoas quilombolas, periféricas ou indígenas na mesa, não tem ninguém que represente suas dores.

Jean Ferreira
Lia Esperança

Lia não esperava que seu futuro lhe reservasse o posto de líder comunitária. Foi há 10 anos que a sua decisão de dar um novo rumo à comunidade de Vila Nova Esperança, localizada na zona oeste de São Paulo (SP).

O caminho inicial foi a criação de uma horta comunitária que gerasse resiliência, educação ambiental, segurança alimentar e renda para a comunidade. Hoje, a horta é solo fértil para a produção de legumes, frutas, hortaliças, PANCs e ervas medicinais. Couve, repolho, couve-flor, brócolis, beterraba, milho, feijão e banana fazem parte desse cardápio colorido.

A comunidade também estabeleceu parcerias com outras organizações como o Grupo Mulheres do Brasil, o Movimento Popular por Moradia e o Grupo Sol, de serviços gastronômicos.

A necessidade de preservar os espaços verdes, de garantir uma comunidade mais sustentável e com horta comunitária surgiu quando cheguei ali e soube que 600 famílias seriam retiradas por estarem ‘degradando’ uma área de preservação ambiental. O projeto foi ampliado e, hoje, temos composteira e gás natural na cozinha comunitária. Oferecemos almoço gratuito cinco vezes na semana para 100 crianças, graças à parceria com a The Caring Family Foundation. Ensinamos sobre a origem dos alimentos e como substituir a proteína animal pelas plantas alimentícias não convencionais (PANCs);

Lia Esperança

Fonte: Um Só Planeta