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Brasil/COP 28: sinais contraditórios

Brasil quer ser paladino do 1.5°C, mas tropeça ao apresentar o novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

O PAC destina 61% dos investimentos do eixo de Transição e Segurança Energética, totalizando 273,8 bilhões de reais até 2026, são destinados a Petróleo e Gás Fóssil. Este valor supera em 13 vezes o montante destinado a combustíveis de baixo carbono. Em outro sinal contraditório do Brasil, tornar-se membro da OPEP, o cartel dos países exportadores de Petróleo. Além de anacrônica, a decisão pode minar o softpower brasileiro justamente quando o país busca reconstruir sua liderança na agenda de combate à mudança do clima.

Em seu discurso de abertura, Lula disse que o aquecimento global pode transformar a floresta Amazônica em Cerrado e destacou os setores de energia, indústria e transportes como fontes de emissão que precisam ser endereçadas. Porém, o chamamento à “missão 1.5ºC” omitiu a necessidade de eliminação do uso do Carvão, Petróleo e Gás Fóssil. E a informação de que o Brasil entrará para Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) gerou enorme comoção entre delegados internacionais e ativistas climáticos.

Gustavo Pinheiro – Um Só Planeta
Contrapartida

Quem roubou a cena na COP28 entre os países exportadores de Petróleo foi o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Assim como ocorreu na Cúpula da Amazônia realizada em Belém, o chefe de Estado colombiano ocupou o vácuo de liderança global ao aderir ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis.

Petro classificou o fim dos combustíveis fósseis como uma questão de defesa da vida no planeta: “Estamos assistindo a uma confrontação do capital fóssil contra a vida humana. Numa situação assim, temos que ficar do lado da vida”, disse em seu discurso na abertura da Conferência.

O que se espera do Brasil

O Brasil, com sua rica biodiversidade e enorme potencial para energias renováveis, está em uma posição única para liderar esta transição. Para isso precisa atualizar seu planejamento energético para apontar na direção da descarbonização. Só assim vai enviar os sinais necessários para alavancar os investimentos em energias renováveis. O desenvolvimento tardio do setor de Petróleo e Gás Fóssil é incompatível com a segurança climática do planeta.

As deliberações da COP28 devem transcender as retóricas e convergir para compromissos concretos e ações transformadoras. Para o Brasil, é uma oportunidade de demonstrar liderança ao equilibrar as necessidades econômicas imediatas com um compromisso genuíno e estratégico com a sustentabilidade ambiental de longo prazo.

Fonte: Um Só Planeta