O cultivo de microalgas para a produção de biocombustível
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) têm cultivado microalgas em laboratório em condições controladas para aproveitar seus metabólitos, especialmente os lipídios, com o objetivo principal de produzir biocombustível.
As microalgas crescem por meio do fenômeno de fotossíntese idêntico ao das plantas, ou seja, recebem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e energia do sol e os transformam em oxigênio. Assim, acumulam diferentes tipos de metabólitos, como proteínas, carboidratos e lipídios – e, em menor quantidade, carotenoides, clorofila e vitaminas. O petróleo também tem em sua composição essas microalgas, que se depositaram no fundo do mar e da terra.
É possível também extrair proteína e carboidratos e aproveitá-los como alimento, além de obter produtos que podem ser utilizados na área cosmética, como betacarotenos, e outros compostos valiosos, entre eles a ficocianina, um pigmento natural azul. As cores dos mares e dos rios resultam da presença de microalgas, que podem ser azuis, verdes ou marrons. As microalgas são os microrganismos mais antigos, responsáveis pela produção de até 50% do oxigênio que respiramos. Juntando-se a fungos, criaram a matéria orgânica que hoje conhecemos como plantas.
Luisa Fernanda Ríos – Faculdade de Engenharia Química da Unicamp
Algas sob estresse
As microalgas são unicelulares e se reproduzem por mitose – cada célula se divide em duas idênticas, gerando uma multiplicação exponencial. O seu cultivo em laboratório aproveita os biocompostos presentes dentro das células. Para isso é preciso ‘matá-las’ com a eliminação de nutrientes importantes. Porém, sem se preocupar com a sua extinção, pois crescem muito rápido e seria impossível acabar com elas.
A eliminação de fósforo ou nitrogênio causa um “estresse“. Com isso elas começam a acumular gordura, ou seja, lipídios, para tentar sobreviver. Assim, conseguimos que acumule mais do metabólito de nosso interesse. A condição de estresse aumentou a produção de lipídios e hidrocarbonetos em até 49% e 29%, respectivamente, e o percentual de proteínas diminuiu de 32% para 26%.
Os óleos obtidos são adequados para a síntese de biocombustíveis, pois são compostos por hidrocarbonetos de cadeia longa e maior quantidade de ácidos graxos saturados e monoinsaturados.
Fonte: Um Só Planeta