Energia solar: como garantir o desconto na conta de luz?

A partir de janeiro de 2023 haverá alterações nas regras de subsídios oferecidos aos investimentos em energia solar.

Nos últimos anos, o Brasil foi marcado pelo aumento exponencial da geração de energia solar. Incluindo as instalações em tetos de prédios e casas, hoje ela representa 8,1% da produção de energia elétrica do país, atrás da hídrica (53,9%) e eólica (10,8%). E parte desse sucesso se deve a uma política de subsídios. Com a isenção de encargos e taxas, a conta de luz fica bem mais baixa. Mas esse incentivo, que valerá até 2045, está saindo de cena. Só servirá a quem fizer a implantação do sistema até o dia sete de janeiro do ano que vem. Depois disso, os encargos começarão a ser repassados, de maneira gradativa, até 2029. Por isso, as empresas fornecedoras de painéis solares projetam um aumento expressivo nas vendas desses dispositivos ainda neste ano, com um aumento de faturamento superior a 300%.

Hoje, quem produz excedentes de energia por meio de painéis fotovoltaicos pode, mediante um acordo com a concessionária da sua região, jogar essa energia na rede elétrica e abater integralmente o valor correspondente da sua própria conta. Trata-se de um desconto subsidiado, considerado injusto para o restante dos consumidores que não contam com essa ajuda.

Todos os incentivos dados ao setor, nesses últimos 10 a 15 anos, foram importantes para o seu crescimento. Porém, já consolidado, ele tem condições de se manter por si só. Os investimentos nessa área mais que dobraram nos últimos 2 anos, chegando a 50 bilhões de reais em 2022. Obviamente, é necessário estabelecer regras claras para esse intervalo de transição.

Investimento a médio prazo

As incertezas do mundo globalizado, a instabilidade dos regimes políticos, os conflitos de interesses provocados pelo domínio sobre a energia têm consequências. Uma delas, talvez a mais elementar, é que todos os que estavam predispostos a instalar placas solares, seja para uso residencial ou parques solares de grandes empresas, passam a fazer contas. Devem antecipar ou não o investimento? Fatores outros como o taxa do dólar, preço do petróleo, custos de importação (grande parte provem da China) e, também, o custo interno da energia elétrica devem ser analisados. Essa é, infelizmente, a realidade. Ponderações sobre ecologia, sustentabilidade, energia limpa, emissão de poluentes, efeito estufa, etc. ficam em segundo plano quando se trata de “retorno de investimento”. Cést la vie.

Um investimento médio de 28 mil reais para uma residência, com retorno de 5 anos, para redução de 80% na conta de luz será analisado, a partir de 8 de janeiro de 2023, considerando a redução gradual das isenções fiscais. Convencer o investidor a alongar um pouco o seu prazo de retorno não será tarefa fácil. Argumentar com consciência ambiental pode ser utopia quando se trata de dinheiro, ou não?

Fonte: Um Só Planeta