ÁguaEconomiaFelicidadeInclusão SocialLixoMeio AmbientePobrezaPoderReciclagemReflorestamentoSaneamentoSaúdeSustentabilidade

Como enfrentar a crise climática?

As cidades precisam acelerar o passo na direção da redução das emissões de CO2 e de medidas urbanísticas capazes de torná-las mais adaptadas e resilientes a eventos extremos.

quando o assunto é emergência climática, a mobilização dos governos locais é fundamental. Em Florianópolis e no Rio de Janeiro, as prefeituras aderiram ao programa Cidades Eficientes, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) com patrocínio do Instituto Clima e Sociedade, criado para auxiliar o poder público em ações de redução de gases de efeito estufa. Os edifícios públicos das prefeituras, entre escolas, creches, hospitais, unidades de saúde e assistência social, oferecem grande potencial para a redução de emissões de CO2 a partir de medidas simples como priorizar lâmpadas de LED e treinar servidores para desligarem computadores do modo stand-by e usarem o ar-condicionado corretamente.

As pessoas estão vislumbrando uma espécie de ‘novo normal’ com o qual terão que aprender a conviver e se adaptar. As cidades têm muita responsabilidade pelo clima, afinal, 85% da população brasileira vive nos centros urbanos, cada vez mais adensados, desiguais e escassos de natureza. Nesses territórios, as transformações são mais urgentes, considerando que o curto intervalo de tempo (entre a chance de reversibilidade e o mais completo caos climático) é nosso maior desafio.

Henrique Frota, diretor-executivo do instituto Polis

Para estancar o problema, especialistas reforçam a importância das cidades na elaboração de planos de ação climática, em duas linhas de frente complementares: mitigação, que consiste em adotar estratégias de redução de gases de efeito estufa, e adaptação, com mudanças mais visíveis na paisagem urbana, especialmente em termos de uso e ocupação do solo, áreas verdes e drenagem de águas de chuva.

Redução de danos

Um exemplo de adaptação: em Nanchang, na China, o projeto do Fish Tail Park, conduzido pelo escritório Turenscape, idealizador do conceito de Cidade Esponja, tornou o município mais resiliente às mudanças do clima ao transformar a antiga paisagem degradada em uma floresta flutuante de 55 hectares que regula as águas pluviais na região, evitando inundações, fornecendo habitat para a vida silvestre e conectando a população à natureza.

Nos últimos cinco anos tivemos uma intensificação dessa pauta e, hoje, pelo menos mil municípios brasileiros têm alguma ação endereçada ao clima. São Paulo, por exemplo, lidera no Brasil a urgente transição para a frota eletrificada no transporte público, com a meta de inserir 2,6 mil ônibus elétricos nas ruas até o final deste ano. Já Salvador e Curitiba esperam eletrificar 30% da frota coletiva ainda este ano e até 2030, respectivamente.

Outra estratégia interessante na linha da mitigação é requalificar o centro das cidades para ter mais residências. A prefeitura do Rio de Janeiro tem se destacado ao recuperar prédios abandonados no centro como uma ação climática, porque isso traz as pessoas para mais perto do trabalho, reduz viagens, emissões de CO2 e a demanda por novos prédios em áreas mais afastadas.

Capitais como São Paulo e Curitiba têm investido na construção de pátios de compostagem para evitar a emissão de metano, gás de efeito estufa liberado na atmosfera com o descarte incorreto dos resíduos orgânicos. São locais apropriados para receber esses resíduos de feiras livres, principalmente, e transformá-los em adubo para plantas, doado à população. Isso ainda fortalece a agricultura urbana, as hortas comunitárias e a segurança alimentar nas cidades.

Curitiba aprovou em 2020 seu plano de ação climática (PlanClima). Um dos destaques do documento é o Bairro Novo da Caximba, maior projeto socioambiental da história do município, responsável por reassentar 1.147 famílias que viviam em região com alto risco de inundação, às margens do Rio Barigui. As famílias foram realocadas para uma área mais segura e em casas mais dignas. Além disso, o projeto vai regularizar 546 imóveis, recuperar áreas de preservação permanente e implantar um parque linear e um dique de contenção de cheias.

Fonte: Um Só Planeta