Aliança pelo fim do lixo plástico

Enquanto multinacionais lançam “Aliança pelo Fim do Lixo Plástico”, nos bastidores, investem em novas fábricas… de plástico

No último dia 16 de janeiro, 30 companhias internacionais anunciaram o lançamento de uma aliança para combater o problema do lixo plástico. As empresas envolvidas na Alliance to End Plastic Wastese comprometeram a investir US$ 1 bilhão nos próximos cinco para promover soluções, com escala global, para o uso do plástico reciclado dentro da chamada economia circular.

Entre as companhias signatárias do documento estão gigantes multinacionais como Procter & Gamble, BASF, DSM, Dow e as petrolíferas Shell, ExxonMobiel (Esso) e Suez, divisão química da Total.

Todavia, na última semana mesmo, surgiram críticas sobre a participação na aliança de empresas fabricantes de plástico (o material é feito a partir do petróleo).

Para a European NGO Recycling Network, organização não-governamental, sediada na Holanda, essas empresas estão sendo hipócritas. Enquanto alegam que irão trabalhar pelo fim do lixo plástico, investem na construção de novas fábricas para a produção dessa matéria-prima.

Um levantamento detalhado feito pela entidade revela o nome das companhias, envolvidas no acordo global, e os investimentos atualmente sendo realizados.

É o caso, por exemplo, da BASF, que tem fábricas de plástico sendo levantadas na China, e a brasileira Braskem, que anunciou, em 2017, a construção, no Texas, da maior planta de polipropileno (PP) das Américas.

Assim como elas, Shell, ExxonMobil e Dow também demonstram estar, a pleno vapor, com a produção de plástico.

Como então, exatamente, estas indústrias vão solucionar o problema do lixo plástico se continuam a fabricá-lo no mesmo ritmo, ou se não, maior ainda, do que já vem sendo feito?

Acontece que, durante muito tempo, de maneira equivocada, se jogou a responsabilidade do problema para governos, comerciantes e até, consumidores. Os fabricantes de plástico diziam que seus produtos eram recicláveis e deixavam subentendido que, se não o eram, a culpa não era deles.

Vale lembrar que a indústria nunca se esforçou a implementar, de maneira global, por exemplo, a logística reversa, segundo a qual, os fabricantes são responsáveis pela coleta e por dar o destino correto a seus produtos. Em pouquíssimos países do mundo, como Noruega e Suíça, ela realmente funciona. Mas nos demais, nunca foi colocada em prática.

Sem combater a produção de plástico na sua origem, todos os esforços de limpeza e de reciclagem serão em vão ”, alerta a Recycling Network. “É um pequeno passo da indústria finalmente reconhecer o enorme problema provocado pelo plástico. Mas é triste que eles ainda se apeguem à medidas simbólicas e no final do processo. Dado o fato de que planejam uma enorme expansão de sua produção, a aliança parece ser nada mais que uma grande operação de greenwashing”.

Fonte: Conexão Planeta