Raios produzem moléculas que podem limpar poluição da atmosfera

Estudo publicado na revista científica Science mostra que partículas não visíveis ao olho humano produzem substâncias que quebram moléculas como do metano, um dos gases responsáveis pela aceleração do efeito estufa.

Ao cortarem o céu com brilho intenso e provocarem um estrondo em dias de muita chuva, os raios não estão apenas promovendo um espetáculo – por vezes perigoso – no céu: estão também criando reações químicas que reduzem os danos dos gases do efeito estufa (GEE). É o que mostra uma pesquisa da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State, em inglês) publicada na mais recente edição da conceituada revista científica Science e também no Journal of Geophysical Research — Atmospheres.

O estudo sugere que raios podem ajudar a limpar a atmosfera de químicos poluentes ao quebrar moléculas de nitrogênio e oxigênio. A descoberta foi comprovada após cientistas observarem, com o uso de aviões que acompanharam tempestades, que os fenômenos produzem altas concentrações de dois oxidantes poderosos que ajudam a limpar o ar. Tais oxidantes reagem com produtos poluentes, como o gás metano por exemplo.

O novo estudo mostrou algo que não se sabia: que as descargas elétricas criam esses oxidantes em grande quantidade. A concentração dessas moléculas foi considerada altíssima. “Não esperávamos ver isso. Os resultados foram muito extremos. Inicialmente olhamos para os números e pensamos: ‘o que está errado com os nossos instrumentos?'”, contou William Brune, cientista do departamento de meteorologia da Penn State.

Em laboratório, foi possível perceber que não havia nada de errado com os dados coletados: experimentos mostraram que a eletricidade consegue de fato gerar essa alta quantidade de oxidantes.

Segundo os cientistas, cerca de 1.800 tempestades de raios circulam o planeta a todo momento, o que faz com que os pesquisadores envolvidos no estudo estimem que os fenômenos são responsáveis por entre 2% e 16% desses oxidantes presentes na atmosfera.

Os responsáveis pelo estudo alertam, porém, que os resultados ainda necessitam de mais estudos e provas. Principalmente porque a coleta de informações se concentrou apenas nos estados americanos do Colorado e de Oklahoma. Seria preciso, conforme a universidade, expandir a pesquisa e aplicá-la no resto do globo, em especial nos trópicos, onde há o maior registro de trovoadas.

Fonte: Um Só Planeta/Globo