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Os Cisnes Verdes

O novo boom do capitalismo regenerativo

Este é o título do novo livro de John Elkington a ser lançado em abril próximo. Para quem não conhece, Elkington é um sociólogo britânico considerado o decano mundial do movimento “Sustentabilidade” nas últimas 3 décadas. Criador do chamado “tripé da sustentabilidade”, o triple bottom line (TBL) , mostra de forma didática a necessidade da conexão dos conceitos de desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental que empresas e governos devem respeitar e implementar.

Notem a intersecção dos círculos. Um empreendimento para ser considerado SUSTENTÁVEL deve ser:

1. TOLERÁVEL no contexto Sócio-Ambiental

2. EQUITATIVO aos interesses Sócio-Econômicos

3. VIÁVEL do ponto de vista Econômico e Ambiental

Simples e claro. Só que nem sempre respeitado. Boa parte das empresas que, nos últimos anos, alegou realizá-lo no cotidiano dos negócios, sequer compreendeu direito o seu conteúdo conceitual. Convenientemente, ainda hoje é usado como base para mantras corporativos. Preenche discursos vazios de prática.

O próprio Elkington acha que essa abordagem se tornou defasada. Não apenas porque o conceito deixou de atender aos novos desafios sociais, ambientais e de governança das empresas, mas porque não incorporou a noção de regeneração, uma espécie de passo seguinte ao da eliminação de impactos negativos.

Criou o conceito de “Cisnes Verdes“, matéria do livro a ser lançado, em que destaca o protagonismo de executivos com uma “nova mentalidade”, capazes de erguer um novo tipo de capitalismo, mais resiliente e regenerativo, menos intensivo no uso de recursos naturais e nas emissões de carbono.

Graças a uma revisão de consciência, motivada por diferentes fatores de pressão, entre os quais também o das gerações Millenial, X, Y e Z, as empresas devem migrar cada vez mais da lógica do “lucro a qualquer custo” para a do “propósito na frente do lucro”. Este tema, não por acaso, surgiu com força nos debates do Fórum Econômico Mundial de Davos deste ano.

Haverá crescente desinvestimento em negócios movidos a energia de combustíveis fósseis. E um aumento gradual e considerável do capital investido em infraestrutura, inovação e iniciativas com valor mensurável voltadas para o bem estar de grandes grupos de pessoas.

E também na forma de tributação: com impostos adicionais para empresas com produtos ambientalmente incorretos e, no outro extremo, o da premiação, com redução de impostos para aquelas que, por exemplo, utilizarem energia limpa, consumirem menos água na produção, reaproveitarem materiais, inovarem em insumos mais sustentáveis ou mesmo evitarem a descarga de gases de efeito estufa na atmosfera.

A esta altura, os mais céticos podem estar pensando quão sonhadores parecem os artífices do capitalismo do amanhã e também os “cisnes verdes.” Impossível ser um cisne verde sem perseguir uma utopia.

Fonte: extraído de artigo de Ricardo Voltolini  em NEOFEED