Um país em que falta lixo!?

Estamos falando da Suécia, onde praticamente não há mais resíduo urbano sequer em aterros.

Menos de 1% dos resíduos gerados no país escandinavo é aterrado, o resto tem uma destinação útil: metade serve como matéria prima para a reciclagem e a outra metade como combustíveis para gerar aquecimento e eletricidade.

Com todas as demandas de energia e de matéria-prima, o país chegou ao extremo de aproveitar resíduos de outros países. Países que precisam destinar seus resíduos adequadamente pagam para as empresas suecas pelo tratamento adequado dos mesmos. Por isso, embora o fluxo material seja o de uma importação, o fluxo financeiro é de uma exportação de serviços.

Destinar corretamente os resíduos ao mesmo tempo em que se gera energia:

as lições da Suécia para o Brasil

Um dos principais problemas brasileiros é a destinação de resíduos. Mesmo no universo dos resíduos sólidos urbanos coletados, mais de 40% desses resíduos vão parar em “lixões”, contaminando lençóis freáticos e criando ambiente favoráveis para vetores de doenças. Outra grande quantidade nem chega a ser recolhida e acaba na rua, bueiros e nos corpos d’água. O fato é que, para o brasileiro, o lixo é apenas um estorvo do qual ele tenta se livrar da forma mais barata possível.

Na Suécia, a partir de 2005, foi proibido o aterramento de resíduos orgânicos, dando  impulso para a indústria do biogás e biometano que alimenta principalmente ônibus, caminhões e parte da frota particular. A separação de resíduos alimentares virou uma prioridade e o país tem a meta de coletar separadamente metade dos resíduos alimentares até 2018. A coleta separada dos resíduos alimentares visa principalmente abastecer as plantas de digestão anaeróbica que permitem não só a produção de biogás a partir desses resíduos, mas também propiciam o retorno aos agricultores de vários nutrientes que precisam para produzir, como o fósforo.

A maioria dos ônibus na Suécia possui um design diferente em função do tanque de armazenamento de biometano. Foto: Marco Tsuyama Cardoso
A maioria dos ônibus na Suécia possui um design diferente em função do tanque de armazenamento de biometano. Foto: Marco Tsuyama Cardoso

Essa experiência pode ser muito útil para o Brasil. Gerar eletricidade com plantas de cogeração a partir do lixo e mover os ônibus com gás a partir de resíduos poderia tornar as nossas cidades menos poluídas e mais sustentáveis. Não precisamos tanto de aquecimento como na Suécia, mas precisamos muito de refrigeração, o que pode ser obtido da mesma forma.

Fonte: artigo de Marco Tsuyama Cardoso em Página 22