Ilha de lixo quer ser país

Descoberta em 1997, pelo oceanógrafo americano Charles Moore, a ilha de lixo (Trash Isles) do Pacífico já é maior do que todo o território de França.

Alvo de inúmeros estudos que visam analisar o impacto da poluição sobre a vida marinha, este gigantesco amontoado de lixo resulta do acumular de plásticos despejados nas praias ou pelas embarcações em alto mar, estimando-se que dos 100 milhões de toneladas de plástico produzidos por ano, 10% acabe no mar.

Para atrair atenção internacional para esta questão – se o ritmo se mantiver, por volta de 2050, os plásticos terão ultrapassado a população marinha em termos de peso -, o grupo ambiental Plastic Oceans Foundation uniu-se ao site de informação e entretenimento LadBible para criar uma campanha que tem como objectivo tornar a ilha de lixo num país oficial.

Já foi entregue um pedido às Nações Unidas no início deste ano, coincidindo com o Dia Mundial do Oceano, para que esta ilha seja reconhecida como o 196º país do mundo, e há uma petição online, que será entregue a António Guterres, para pressionar as Nações Unidas a reconhecer “Trash Isles” como país e um membro da ONU, que assim ficariam protegido pelas regulamentações ambientais da ONU, segundo as quais “Todos os membros devem cooperar em um espírito de parceria global para conservar, proteger e restaurar a saúde e a integridade do ecossistema terrestre”. Ou seja, “ao tornar-se um país, os outros países são obrigados a limpar-nos”, dizem.

De acordo com a Convenção de Montevideu de 1993, a nação deverá ter fronteiras definidas, um governo soberano, ser capaz de interagir e cooperar com outros Estados e uma população permanente. Nada que preocupe os promotores desta campanha, Michael Hughes e Dalatando Almeida, que até já apresentaram símbolos de soberania nacional, como a bandeira e a moeda, chamada “Debris” (“detritos” ou “lixo” em português).

E se acha que tudo isto não passa de uma ideia disparatada, saiba que o primeiro cidadão honorário das Ilhas do Lixo é Al Gore, o ex-vice presidente dos Estados Unidos da América, e que já há mais de 100 mil pedidos de cidadania. Veja aqui as declarações do Prémio Nobel da Paz, a propósito deste problema gravíssimo, defendendo a necessidade de desenvolver materiais biodegradáveis, introduzir taxas pesadas sobre plásticos e carbono e a criação de leis de promoção da reciclagem.

Fonte: Green Savers by Maria João Alves