Não podemos, não devemos e não vamos!

As nações continuam a jogar o jogo da culpa em vez de assumir a responsabilidade pelo nosso futuro coletivo. Não podemos continuar assim.

Diante de tantos eventos climáticos extremos que estão acontecendo nos últimos anos, com destaque para o atual, o aviso do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, é claro: “Temos uma escolha. Ação coletiva ou suicídio coletivo. Está em nossas mãos”. A mensagem foi transmitida a representantes de 40 países no Diálogo Climático de Petersberg, fórum onde são discutidos os acordos de proteção climática antes da conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP 27, que será no Egito, em novembro.

Quem mora na África, no sul da Ásia, na América Central e na América do Sul tem 15 vezes mais chances de morrer de eventos climáticos extremos, o que é assustador quando consideramos as mortes que já estão acontecendo na Europa em decorrência da crise climática. Em Portugal e Espanha, a onda de calor dos últimos dias deixou mais de mil mortos. A cidade portuguesa de Pinhão registrou 47ºC no dia 14, a temperatura mais alta no país para o mês de julho.

Antonio Guterres
Suicídio Coletivo

Cientistas do clima estão preocupados com o fato de ondas de calor extremas na Europa estarem ocorrendo mais rápido do que os modelos sugeriram , indicando que a crise climática no continente pode ser ainda pior do que se temia. Recordes também estão sendo quebrados no Reino Unido, com termômetros marcando mais de 40°C pela primeira vez. Um exemplo disso é que os recordes de temperatura geralmente são superados em frações de grau, mas os 40,3°C registrados no distrito de Lincolnshire nesta semana são 1,6°C acima da máxima anterior de 38,7°C, em Cambridge, em 2019, segundo o serviço nacional de meteorologia inglês.

calor excessivo piora condições como asma, doenças cardíacas e doenças mentais. Além de afetar o desempenho mental, está relacionado à redução da função cognitiva, erros de julgamento, maior risco de lesão ocupacional, irritação, abuso de substâncias, transtornos de humor e ansiedade, esquizofrenia e demência e até maiores taxas de suicídio. Com o clima quente, fica mais difícil respirar, porque os poluentes ficam parados no ar. Se a temperatura do corpo atinge 38°C, a gente fica com fadiga, ou exaustão pelo calor, com sintomas que incluem tonturas, distúrbios visuais, sede intensa, náuseas, palpitações e dormência, podendo levar a ataques cardíacos – e ainda tem o câncer de pele, causado por queimaduras de sol.

Baroness Brown, vice-presidente do Comitê de Mudanças Climáticas do governo britânico, disse que as mortes relacionadas ao calor vão triplicar nas próximas décadas se o governo não tomar medidas para diminuir o superaquecimento nas casas. Segundo uma pesquisa da Universidade Loughborough, 4,6 milhões de casas superaquecem na Inglaterra. “Há mais de 10 anos dizemos ao governo que não estamos preparados o suficiente no Reino Unido para o clima realmente quente que estamos vendo agora”, disse Brown.

COP 27

Os acordos de proteção climática serão o principal assunto na conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP 27, que será no Egito, em novembro.

Fonte: Um Só Planeta