Brasil tem recursos para ser protagonista na criação de energia limpa

O sol é abundante e os ventos são considerados “um dos melhores do mundo” devido a questões geográficas e imensa extensão litorânea.

A sociedade civil pode somar à iniciativa privada para um Brasil mais sustentável. Um tema que unifica todos os países é a emergência climática. As discussões de propostas sobre o que fazer para reduzir os danos ambientais envolvem lideranças políticas de cada nação. Mas para além do debate, ainda há muito a se fazer. Em diferentes frentes, as cleantechs, startups de tecnologia limpa, reúnem algumas atividades essenciais.

Biomassas são potenciais fontes de energia limpa

Bioenergia é o nome dado à energia proveniente da biomassa, ou seja, da matéria orgânica de origem vegetal e animal. Esse tipo de energia pode ser utilizado para produzir combustíveis, eletricidade e calor, sendo considerado uma alternativa às fontes de energia convencionais, que vigoram na matriz energética mundial.

A bioenergia é uma fonte de energia limpa e renovável. Representa, portanto, uma alternativa à matriz energética mundial, que é dependente das fontes não renováveis e caras de energia, especialmente dos combustíveis fósseis.

No Brasil, o bagaço da cana-de-açúcar é a principal biomassa que pode ser transformada em energia limpa. Cerca de 48% da matriz energética do Brasil é formada por energia renovável. A bioenergia representa 27%. Em termos de geração de energia elétrica, quase 10% da energia do Brasil.

O biogás e biometano, usando a torta de filtro e a vinhaça, que também são resíduos da cana, são possíveis para utilização como biogás e biocombustível.

Energia limpa a partir do lixo.

Os combustíveis derivados de resíduos (CDR) são derivados de materiais que não podem ser utilizados no processo de biodigestão, sendo destinados para alimentação de fornos industriais. Esse tipo de resíduo ao invés de ser descartado, é triturado em máquinas específicas, em que são permitidas reaproveitar tudo aquilo que não é orgânico, nem reciclável.

O resíduo se torna combustível para essas máquinas, criando uma nova cadeia de valor, estimulando a economia. Assim, os rejeitos da coleta seletiva (reciclagem) que não teriam outra finalidade, podem se tornar combustível.

Esse é um processo que estimula a redução de uso de combustíveis fósseis, os quais são mais caros e causam danos ao nosso Meio Ambiente. O resultado direto é a redução de emissão de CO2 na atmosfera.

No geral, esses resíduos comerciais são compostos por plástico, papel, têxteis, madeira, minerais e embalagens compostas. Assim, como possuem alto poder de produção de calor, são, portanto, utilizados na incineração de caldeiras para produção de cimento, cal ou até utilizados em centrais elétricas movidas a combustíveis alternativos.

Antes de se tornar combustível, os resíduos passam por uma triagem. São separados em sólidos urbanos e industriais considerados não-perigosos. Após da trituração, o material é peneirado e separado por meio do classificador de ar. Depois deve-se separar os materiais ferrosos e não-ferrosos, com uso de sensores ópticos com a tecnologia.

Uma das vantagens do uso dos combustíveis derivados de resíduos é a possibilidade de reutilização de um material que não teria finalidade de reciclagem.

Assim, a empresa se adequa à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). E os materiais se destroem completamente, sem gerar passivos ambientais devido ao alto poder calorífico do lixo.

Atualmente ainda é um percentual muito pequeno ocupando a matriz elétrica do Brasil. Porém um potencial enorme para se aproveitar, não só para geração de energia elétrica limpa, mas também no uso do setor de transporte, se somada ainda com a reciclagem do lixo hospitalar, industrial e urbano.

As três principais tecnologias viáveis do planeta em se tratando de criação de energia limpa a partir de resíduos que poderiam ter sido descartados.
  1. Reversão Molecular com gaseificação, cuja meta é gerar gás combustível, Hidrogênio e coque de resíduo ou de biomassa.
  2. Extração Molecular, cuja meta é produzir óleo sintético, gás combustível (que gera energia elétrica nas turbinas a gás que fabrica) e coque.
  3. Combustão estequiométrica de terceira geração, cujo foco é gerar energia elétrica limpa em alta eficiência utilizando ao mesmo tempo a energia da expansão dos gases e o calor gerado, substituindo o obsoleto processo de incineração, sem emitir gases tóxicos, além de gerar pegada negativa de Carbono.
Quem faz?

A empresa Sílex atua há mais de 47 anos nesse ramo. Somando todos os projetos em implementação, o custo em investimento já ultrapassou os US$ 22 milhões. E agora a expectativa é para um novo empreendimento em Cachoeira do Sul (RS), onde todo o lixo comum da cidade (proveniente de lixões e aterros sanitários) e o lixo hospitalar será transformado em energia limpa, sem gerar subprodutos.

A expectativa é que o empreendimento de criação de energia limpa a partir do lixo gere 40 empregos e uma geração anual de R$ 2,4 milhões para a prefeitura em economia de destinação dos resíduos a aterros e de geração de tributos, colocando em prática o conceito de sociedade sustentável.

“Nós somos a empresa mais avançada do País em processamento de resíduos, recuperação térmica e eficiência energética. Mas a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei 12305/10) foi atrasada em mais de dez anos de sua implementação real atual, e outros países seguiram avançando em tecnologia e investimentos pesados. Agora concatenamos a PNRS sendo exigida, determinação federal do fim dos lixões, valor ideal de cobrança pelo lixo, energia e óleo combustíveis de bom valor de venda, crédito de Carbono e descarbonização em alta”.

Luiz Gilberto Lauffer – empresário da Sílex e especialista na transformação de energia limpa a partir do lixo

Fonte: Portal Click Petróleo e Gás