Petrolíferas sob pressão

Shell: executivos se demitem em protesto contra estratégia para renováveis.

Segundo o Financial Times, a petroleira Shell foi pega de surpresa por uma série de pedidos de demissão, semanas antes de anunciar uma grande estratégia de transição para as energias limpas. Três dos principais diretores do setor de renováveis deixaram a companhia, insatisfeitos com a demora da petroleira para fazer essa transição. Pediram demissão Marc van Gervan, líder da área de solar, Eric Bradley, executivo que trabalha com geração distribuída, e Katherine Dixon, responsável por coordenar os times envolvidos nesse trabalho. Ainda segundo o FT, também é esperada a saída de Dorine Bosman, vice-presidente de energia eólica.

Petroleiras europeias estão sendo pressionadas a adotar planos de descarbonização, em linha com que a União Europeia vem propondo ao resto do mundo com seu plano de recuperação baseado na transição para a economia de baixo carbono: o Green Deal Europeu. Há duas semanas, a britânica BP anunciou a intenção de cortar 40% de sua produção de petróleo e gás até 2030.

Tempos de mudanças

A adequação da matriz energética a uma economia de baixa emissão de carbono está na lista de prioridades das grandes petrolíferas do mundo todo. Mas empresas do setor adotam diferentes estratégias para fazer frente às mudanças climáticas. Algumas têm direcionado seus investimentos para a produção de fontes renováveis, enquanto outras para o desenvolvimento de tecnologias que minimizem os efeitos colaterais do petróleo e de seus derivados no meio ambiente.

Há um grupo de petrolíferas que está ampliando o investimento em fontes renováveis, como a britânica BP. Em 2017, a multinacional comprou 43% do capital da Lightsource, líder em indústria solar na Europa. No Brasil, a empresa possui 2 gigawatts (GW) de painéis solares, além de ser sócia da BP Bunge Bioenergia, vice-líder do setor sucroenergético no país.

A norueguesa Equinor trilhou caminho semelhante ao assumir cerca de 10% do capital acionário da Scatec Solar ASA, em 2018. “Até 2035, aumentaremos nossa capacidade instalada de energia renovável em 30 vezes em relação a hoje”, disse a assessoria de imprensa da empresa. No Brasil, por meio da Statec Solar ASA, a empresa desenvolve o complexo de energia solar Apodi, no Ceará.

Fonte: Exame/Invest